sábado, 22 de janeiro de 2011

MINAS GERAIS - Por Bruna Lombardi



“Assim como as pedras preciosas escondem seu brilho dentro, Minas Gerais esconde infinitos tesouros, que vão se mostrando aos poucos a todos aqueles que a descobrem. Essa sensação de que Minas é pra dentro vem de sua própria natureza, da extraordinária beleza de seu interior. Dessa atmosfera onde todo amor é sagrado.Aqui se respira o mistério. Aqui a gente se interioriza. E sente a presença de Deus. 

O olhar perdido no horizonte nem alcança. O silêncio parece que atravessa séculos. Atravessa grandes extensões, cavernas e cachoeiras, serras, nascentes, o percurso de grandes rios. Atravessa a mata, o cerrado, o sertão. O silêncio atravessa paredes de casas caiadas, igrejas barrocas, vilas coloniais. A Travessia. O Tempo. Uma lição de fé. A arte atravessa esse lugar como o vento que bate nas folhas das árvores. E ficam marcas da história em cada esquina. 

Esse silêncio mineiro diz tudo. Ele vem da sabedoria. Dentro dele tem tudo o que precisa ser dito.  E se você prestar atenção, dentro do silêncio você vai ouvir música. Vai escutar novenas, cantos gregorianos, poesia. Dentro do silêncio o sopro da prosa. Alguém sussurra toda essa bela literatura. 

Revelam-se histórias de família. Segredos antigos. Lendas.Vai ouvir os cascos dos cavalos, o homem no cavalo tocando o gado, os meninos. O canto das mulheres. Parece que nesse silêncio tem sempre alguém cantando. Mil tons. Tem estórias de assombração ao pé da fogueira, tem uns causos que se contam ao pé do fogão. Tem causo de tudo nesse mundo de Deus. E tome café com leite, pão, uma branquinha, dois dedos de prosa e umas mentiras, que ninguém é de ferro, uai! Eta trem bom! Deveria se dar muito mais valor para esse tipo de saber. 

Guimarães Rosa dizia: "O silencio é a gente mesmo, demais".
 E foi na solidão do silêncio que a fotógrafa Rosa de Luca foi descobrindo esses tesouros escondidos dessa Minas Gerais. Tentou captar essa grandeza nas imagens e em seus significados espontâneos. E também descobriu que "o real não está na saída nem na chegada: ele se dispõe para a gente é no meio da travessia". Ela fez sua travessia. E transformou sua jornada, como dizia Carlos Drummond de Andrade "num retrato pendurado na parede". Ou em muitos retratos nesse belo livro Arte Vida Minas Gerais.

Minas é uma experiência de espiritualidade. Ser mineiro é uma espécie de encantamento. Você pode deixar Minas, mas ela nunca te deixa. Você vai embora e a carrega consigo. E onde quer que você vá, Minas continua dentro de você. Minas é um lugar que fica dentro pra sempre. 

Bruna Lombardi 

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